18 junho 2007

Dia 85 - Copan / Guatemala. 12 de junho de 2007

O dia comecou como qualquer outro, levantamos e saimos em direcao a mais uma fronteira. Deixamos honduras para tras sem termos conhecido quase nada, nao deu pra tirar nenhuma impressao mais forte do pais. A fronteira da guatemala foi relativamente rapida, o pessoal eficiente e prestativo, so tivemos que pagar a documentacao do carro, que saiu 40 quetzales, uns 6 dolares. Durante a noite de ontem o Goncalo sugeriu uma mundanca no itinerario, que eu ja havia pensado. Para evitar a cidade da Guatemala, a capital, iriamos contornar o Lago Izabal, passar pelas ruinas de Tikal e sair achar uma saida para o Mexico, talvez por Belize.
As primeiras horas foram tranquilas, paramos em posto de combustivel para abastecer, fizemos um lanche, e vimos uma Brahma gelada, mas aqui eles chamam de brahva. Nos informamos sobre as estradas, o que deixou o Goncalo mais tranquilo, ja que disseram ser tudo asfalto. Em uma hora chegamos passamos por umas ruinas, mas decidimos continuar e procurar algum lugar pra ficar ali por perto. Chegamos a Mariscos, ja fazia um tempo que a gente nao tinha um visual assim. Mariscos é uma pequena vila as margens do lago Izabal e me lembrou muito o Ribeirao da Ilha. O clima agradavel e o visual nos deu mais animo, comemos uns camaroes que nao estavam la grandes coisas, olhamos um pro outro e pensamos.. ¨vamos ficar por aqui¨.. pensamos, mas nao dissemos e simplesmente nos preparamos pra continuar rumo a Flores, ja perto das ruinas de Tikal. O Goncalo comentou alguma coisa sobre a estrada escorregadia, eu respondi que nao percebi e sugeri que ele trocasse o pneu, como se eu entendesse alguma coisa de motocicletas.
Segui na frente, pela estrada estreira, mas asfalta e sem buracos. Como o Goncalo ficou um pouco pra tras, achei melhor esperar um pouco e diminuir o ritmo. Passamos a ponte que cruza o Lago Izabal, mais uma vez pensei, podemos parar por aqui...mais uma vez continuei sem fazer nem um sinal ao meu amigo de viagem. Um quilometro mais a frente ele me sinaliza que vai parar num posto. Eu o acompanhei, mas nao abasteci, apenas deixei um pouco do dinheiro que eu tinha trocado pra que ele pagasse o combustivel. Uma chuva fininha nos acompanha a um bom tempo, mas sem me incomodar muito, pensei que o goncalo estarei meio de saco cheio ja que havia reclamado do piso escorregadio. Sai do posto antes dele pensando que ele logo me alcancaria, já que havia mais movimento na estrada eu nao poderia ultrapassar os carros mais lentos. Da saida do posto foram cinco minutos, e eu me lembro claramente como se tivesse gravado tudo na minha camera...Passei dois carros, e me liberei um pouco do transito, mas segui devagar ja que o Goncalo provavelmente ainda estava saindo do posto... Dei uma avaliada geral no carro, um habito que criei durante a viagem, chequei nivel do combustivel, temperatura, dei uma sacudidela pra sentir melhor os pneus, verifiquei a bateria do ipod e o GPS, o que nao importava muito porque por ali so havia aquela estrada rumo ao norte... Tudo checado, comecei a imaginar em possibilidades de chegadas ao meu destino final, o Alaska, decidi que contornaria o marco que identifica o final da estrada buzinando, com a filmadora em uma mao e a camera fotografica na outra... humm. tudo bem, é só uma viagem, tudo é possivel... Dei uma olhada na velocidade pra nao ir muito rapido, ja que o Goncalo ainda nao havia aparecido no meu retrovisor. 70km é o que me lembro ... A essa altura eu já estava na Curva del Infierno, senti o carro perder aderencia e sem pisar nos freios puxei um pouco pra esquerda, deixei deslizar um pouco e puxei pra esquerda e acho que ja estava recuperando o controle quando olhei pra frente e vi um caminhao vindo em minha direcao, talvez assustado puxei a direcao pra direita o que tirou novamente a aderencia do carro na curva molhada pela chuva recente e esperei... talvez um milesimo de segundo, pareceu uma vida, até o momento em que o caminhao arrancou a traseira da Nave como se fosse de papelao... rodei em direcao ao barranco... me lembro de ter pensado... ¨o caminhao nao me acertou estou bem¨ dai o barulho e talvez a adrenaline me deixaram sem qualquer acao, a nave bateu e capotou.
Em um segundo, talvez 1 minuto, apalpei minhas pernas bracos e o corpo, acho que lembrei do meu curso de socorrista, nao sentia dor, nao vi sangue, localizei o sentido da gravidade e tirei o cinto de seguranca. Sai por onde antes havia o parabrisas vi varias pessoas vindo em minha direcao, mas nao reconheci ninguem, fui sinalizar a estrada e juntar as coisas espalhadas pelo caminho. Talvez eu ainda achasse que poderia simplesmente pegar o carro e seguir viagem... Passaram-se uns 30 minutos até que me eu desse conta, sentasse a beira da estrada e comecasse a chorar. O policial me disse, nao se preocupe, isso é um carro voce podera ter outro. Nao acho que fosse pelo carro, era pelo sonho.

6 comentários:

Rodrigo Scheuer Brum disse...

Chefe, acabei de ler seu post. Já se passaram alguns dias do ocorrido, tentarei contato com você. Um forte abraço.

Rodrigo Scheuer Brum disse...

Cara, não encontrei ainda nenhum registro na imprensa guatemalteca sobre o ocorrido, porém penso que é questão de buscar mais. Vi no google uma mensagem tua para o Land Rover Club em que buscavas peças para continuar a viagem. Fiquei feliz pq desta forma apesar do cagaço e dos contratempos agora criados, sei que estás bem. Fica a sugestão (talvez já tenhas feito isto) de avaliar as causas do acidente e de confiar um pouco mais na intuição. Forte abraço e com calma nas atitudes e pensamentos, toca em frente que você chega lá!

Dauro Veras disse...

Estamos em pensamento com você. Ânimo e bola pra frente!

Anônimo disse...

Ficamos tristes pelo acidente, mas feliz em saber que estás bem, que não te machucaste. Prossiga com Deus. Beijos
Ligia

Paulo Henrique disse...

Meu fiiiilho!! Que susto!! Ainda bem que vc está bem. Se cuida, meu, please!
abração

Anônimo disse...

Estamos contigo no que der e vier sempre! Continua firme que logo tu chegas lá.
beijoteamotchau.
Thaise, Lucas e Thomas