15 maio 2007

Dia 46 - Sullana, Peru / Arenillas, Ecuador

Acordei cedo na esperança que a estrada estivesse liberada, nada feito. Segui para Macara, uma outra entrada para o Ecuador, mas perdi o litoral norte do peru que dizem ser muito bom. Em uma hora cheguei a fronteira, e foi uma das mais rápidas até agora. Tanto pra sair do Peru como a entrada no ecuador. Aqui já se vê o começo de floresta, um alivio depois de tanto deserto. Entrei no ecuador sem qualquer informaçao de onde ir, sabia que queria chegar a Guayaquil para tentar chegar a galapagos. Parei em uma cidadezinha perto da fronteira, e me indicaram o caminho mais rápido a Guayaquil. Segui viagem, fui parado numa blitz do exercito, revistaram todo o carro, e me deram dicas de onde passar no ecuador. De Macara segui até Alamor por uma estrada de asfalto passando por muita serra e curva. Um passeio tranqüilo cruzando pequeno vilarejos no meio da serra. Já perto de Alamor no pé da serra, muito perto de Guayaquil, a embreagem travou... Em pouco tempo aprendi a passar a marcha sem embreagem ( o que no defender é relativamente fácil ). A cidade mais próxima estava a 30km, Arenillas. Achei um posto de combustível e parei pra abastecer e pedir informações. Não tinha combustível.. mas me indicaram o centro da cidade. Pra sair dali aprendi a arrancar o carro sem embreagem, um truquezinho fácil usando a reduzida. Em direção ao centro de Arenillas avistei uma oficina bem movimentada e com boa aparência. Parei. Eu achava que era só vazamento de fluido, mas o mecânico disse que era o disco de embreagem. Sem muita saída, resolvi deixa-lo abrir a caixa e fazer o reparo. É um risco que tenho que correr deixar um desconhecido mexer no carro. Fiquei no cangote dele o tempo todo, mesmo não entendo bulhufas de mecânica, mas depois de uns dez parafusos percebi que o guri sabia o que fazia. Me tranqüilizei mais, bati bapo com os clientes da oficina, todos me falavam bem do David dono da oficina e que era o melhor lugar da região. Dessa vez acho que meu sexto sentido acertou em cheio (até que ele tem funcionado bem ultimamente). Conheci um equatoriano deportado, David morou 13 anos nos estados unidos e há um mês foi pego sem o visto, não pretende voltar tão cedo, prefere viver no ecuador em liberdade do que correr o risco de ser preso, agora esta tentando conseguir um visto pra voltar legalmente, mas só depois de 5 anos. Me falou que levou 4 meses para passar da Guatemala ao México e finalmente cruzar a fronteira americana. Conheci também um senhor, que me falou de economia e política enquanto David ( o dono da oficina ) arrumava seu carro usando o método tentativa e erro. Tambem conheci dois pedreiros muito curiosos sobre a viagem até o alaska me mostraram um pouco da musica local e falaram dos lugares que deveria conhecer, mesmo que eles nunca tenham saído muito longe de sua cidade. O David me falou que o carro só ficaria pronto no dia seguinte e me ofereceu um quarto pra eu passar a noite, aceitei. O pessoal todo por aqui é muito simpático, a esposa de David sugeriu que fossemos dar uma volta pela cidade. Saimos eu, David seu filho e um amigo deles em direção a uma cidade vizinha na fronteira com o peru. No caminho uma manifestação por alguma ponte que vão construir, dois grupos os a favor e os contra a tal ponte, ocupavam toda a estrada lado a lado. Muito diferente dos protestos no Peru, aqui parecia mais uma festa, gente com bandeiras e faixas, em carros, motos, caminhões e ônibus. Passamos lentamente pelos manifestante e chegamos a uma barraca. Ali comemos um belo prato feito de carne de porco por um dólar e meio. Segundo David este é o melhor PF da região, e de verdade gostei bastante. Voltamos a Arenillas e antes de dormir sentei na sala com David e sua esposa pra conversarmos mais um pouco, falamos mais de religião e apesar de não chegarmos em um consenso foi um bom papo. Boa Noite!

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